Sobre o que são erros… O medo de errar… A injustiça do erro e talvez …A cura!
Não sei muito bem o que é justo… não gosto de pensar no que me acontece como sendo fruto da justiça ou injustiça.
Sempre me responsabilizei por tudo o que me acontece e mesmo que o erro não tenha ocorrido por total responsabilidade minha, só o facto de fazer parte do meu processo, sinto-o como parte de mim … E, não há mal nenhum em errar…
“Sobre o medo de errar” existem muitos comportamentos associados a este, e um deles é o descarte imediato de responsabilidade, doa a quem doer. A principal preocupação de muita gente é salvaguardar a sua posição perante o erro, e para isso coleccionam diariamente provas, para quando algo apontar na sua direcção, despejar o erro em cima do outro, a prioridade é safar-se a qualquer custo. Vivem diariamente em posição de ataque… Um fenómeno relacional comum, em quase todos os sectores pessoais, académicos e profissionais. Existem os que por nunca se munirem de provas, ficam despidos perante as acusações e são por isso alvos fáceis, que esperneiam, enraivecem e tentam desajeitadamente defender-se.
Uma investigação que tenho em curso, junto da docência tem revelado uma preocupação comum: Os jovens estão sem resistência ao erro, frustram rapidamente e desistem ao mais pequeno erro , perdem totalmente a força e deprimem!
Educamos pelo exemplo e se os nossos filhos não estão resilientes, não resistem às suas limitações e estão frustrados, precisamos refletir muito bem sobre os valores que temos passado e o que se passa nos nossos sistemas:
Que conversas temos em casa ?
Quantos erros viram apontar aos avós, aos tios aos conjuges ?
Quantas vezes lhes mostrámos que somos capazes de superar e assumir erros ?
Quantas vezes partilhámos com eles que errar é um processo natural , que faz parte do nosso percurso de vida ?
Quantas vezes nos ouviram a criticar e apontar o dedo aos outros pelos seus erros, como se fossem criminosos ?
Que exemplo lhes demos ? Andamos sempre a reunir provas com medo de errar ?
Motivamos-los a entregar o outro para se safar ?
Quem errou no nosso sistema ?
Como adulta e estando no mercado de trabalho há 37 anos, conheci poucas pessoas que assumiram tranquilamente os seus erros. Contrariamente, vi muitos a apontar o dedo, a puxar das suas provas, a culpar inocentes e os mais distraídos. Conheci outras que perante o erro, perderam total auto-confiança, não se permitiram conquistar mais nada, e outras ainda de forma fatal, terminaram com as suas vidas.
O erro tornou-se um lugar perigoso, quando deveria ser um lugar de crescimento!
Pelo lado positivo, erro retira-nos de um lugar de conforto, que nem sempre é o melhor. O erro pode ser a oportunidade para uma mudança que se faz necessária. Entre 2000 e 2003, trabalhei em ficção. A unica vez que tive um patrão e ainda que ele não saiba, foi uma inspiração, um exemplo de força para continuar, após falir empresas, e tudo correr mal.
Mais tarde numa formação em constelações organizacionais o formador Cecilio Regojo, engenheiro de formação , um homem de 70 anos, dizia-nos: estou neste lugar onde gosto de estar, porque fali algumas empresas, apostei noutras de forma errada, vendi outra com sucesso, falhei três casamentos , tenho seis filhos, chegar aqui só me foi possível porque perdi e ganhei.
Numa outra situação um companheiro de trabalho, por um erro que gerou algumas perdas, ficou ao meu lado, se ganhamos, ganhamos juntos, se perdemos perdemos juntos…
O “medo” congela-nos… e é muito importante reconhecer este lugar onde congelamos, um lugar onde perdemos força. É preciso reconhece-lo e fazer-lhe frente, o medo tolda-nos a visão e impede a acção. O medo de errar, gera muita ansiedade e diariamente, consome muita da nossa energia vital. Se permitirmos retira-nos a paz, e não permite desfrutar de tudo o resto que acontece. Na verdade esquecemos que existe vida, para além do MEDO.
É preciso investigar, porque temos tanto medo de errar ? onde começa esta informação ? E como está registada nos nossos sistemas ?
O que acontece na nossa vida, pertence-nos, a nós e a todos os que fazem parte dos projectos que desenvolvemos… É preciso aceitar e assumir, como se estivéssemos a limpar um terreno e a deixar o caminho livre… Um erro ser-nos imputado, pode parecer injusto à partida, mas se não sairmos desse lugar de injustiça, não conseguiremos olhar mais além…
“Uma cliente queixava-se que as suas formações estavam a ser copiadas, por um ex-aluno ,sem que este lhe tivesse pedido permissão!”
Nada do que fazemos fica impune nos nossos sistemas, talvez os descendentes desse aluno venham a ter dificuldade em singrar na escola e nos processos de aprendizagem, ou nos modelos de negócios que venham a realizar. Todas as acções menos correctas dos nossos antepassados, podem ter repercussões nos descendentes, energias de justiça podem ser pedidas aos que directa ou indirectamente usufruiram do que for retirado a outros sem permissão… Assim é a nossa rede morfogenética…
“Somos menos livres do que pensamos” e talvez as injustiças que sentimos, e pequenos erros que cometemos, sem intenção, venham resolver algumas questões invisíveis do nosso sistema e dos que fazem parte dos nossos projectos…No entanto e se por outro lado, nesta experiência da qual somos responsáveis, fazemos um caminho claro e de lucidez, somos brindados com o apoio daqueles que sempre apoiámos e veremos os nossos esforços recompensados.
Errar pode ser por isso o melhor que nos acontece para curar Sistemas e deixar assim livre o nosso percurso e o dos nossos descendentes!

