Em 2016 a busca por ferramentas que me permitissem alargar a minhas abordagens com comunidades desfavorecidas, e obviamente chegar a um maior auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal, fez-me embater na técnica das “constelações familiares”. Termo que nada tem a ver com astros ou astrologia, mas sim com Alinhamento familiar. Infelizmente a tradução à letra do Alemão para o português (do brasil) foi feita fora de contexto. Aufstellen ( significa Colocar no Lugar), Assim o termo em alemão “Familienaufstellung” , seria colocar a Familia no Lugar , é foi traduzido para português como: constelaçao familair.
A “Constelação Familiar” é uma técnica que foi desenvolvida por Bert Hellinger, um filosofo, e ex-padre Alemão, morreu aos noventa e dois anos em 2019. Diz-se que os anos na sacristia,(vida que abandonou posteriormente) deram-lhe uma visão ampla sobre o sofrimento das pessoas e da relação desse sofrimento com a familia de origem, com as gerações de onde vinham e os traumas transgeracionais. Conta-se que foi na Africa do sul , enquanto sacerdote e missionário, junto dos Zulus, na África do Sul, durante 16 anos, que mais desenvolveu esta abordagem, pois estes tinham naturalmente, uma forte ligação aos campos morfogenéticos e organizavam-se socialmente através do alinhamento familiar. Rupert Shledrake um biólogo internacionalmente reconhecido e ao mesmo tempo contestado, tem trabalhado de forma profunda e cientifica esta temática dos campos morfo-energéticos e “morfo-genéticos”. ( para quem quiser pesquisar fica a referência)
A abordagem ao Alinhamento familiar ou “constelações familiares” não é exclusivo de Bert Hellinger, o estilo sim.
O psicodrama, o sociodrama, a Psicogenealogia e terapia transgeracional são abordagens dentro da àrea da Psicologia que bebem desta relação entre a familia e o indivíduo, numa aplicação diferenciada, no entanto muitos dos principios sistémicos cruzam-se com o das constelações familiares e vice versa.
Há uns dias um amigo dizia-me:
“Pois isso das constelaçoes já envolve um entendimento mais do espiritismo, registos akashicos, universos, implica alguma mediunidade !!!!!”
Ops … Não , não , não … Se em algum dos seminários de formação onde estive presente (2016, 2017, 2018) alguém disse-se a Bert Hellinger que as constelações envolviam todos esses requisitos “paranormais”, a pessoa seria convidada a sair da sala. Bert Hellinger olhava para as constelações familiares/ alinhamento familiar de forma muito simples, sempre o ouvi dizer que não era uma terapia, vi mais que uma vez, recusar avançar com processos de constelação quando alguém chegava ao pé dele demasiado perturbado e sentia/sabia que a pessoa poderia sair dali pior que melhor. A responsabilidade, a dedicação e o amor com que olhava para cada um que se sentava ao lado dele, ía para além de qualquer técnica que usasse. Fazendo jus à grande frase de Jung “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
A constelação familiar ajuda a alinhar-mos nos com a base de onde viemos, ajuda a integrar , a tomar responsabilidade e a ir para a vida. A constelação familiar, organizacional ou estrutural é uma técnica gráfica, que nos exige muito estudo sobre a sociedade, política, educação, historia, religião, cultura e acima de tudo bom senso , humildade, responsabilidade e Vida.
Há uns dias em arrumações encontrei uma foto dos meus pais no dia do meu primeiro casamento. Sei que ao longo da vida deles, tiveram muitas duvidas se deveriam continuar juntos ou não, tiveram os problemas de todos os casais , amaram-se uns dias mais que outros… Se calhar em alguns dias até se odiaram.

A foto revela uma harmonia e uma cumplicidade incrível, perfeitamente alinhados… Graficamente foi esta paz que as constelações me trouxeram: PAI e MÃE, a minha base energética, anímica, vísceral está alinhada. Independentemente das escolhas que fizeram, dos rumos que tomaram enquanto homem e mulher, em mim estão presentes harmoniosamente…
É um alinhamento simples à primeira vista, mas na verdade não é bem assim que vemos acontecer. As relações entre pais e filhos está carregada de maus fluxos energéticos, de crenças e de traumas transgeracionais, de lealdades familiares inconscientes.
As constelações familiares e organizacionais ou estruturais, são apenas mais uma ferramenta que auxilia a identificação de alguns padrões e assuntos para os quais precisamos olhar. A mudança tem de ser feita por cada um, não há magia, não há mediunidade, não há espiritismo que nos valha.
As grandes diferenças entre um bom ou mau constelador, está no mesmo lugar de qualquer outro profissional: Na honestidade, na humildade, na responsabilidade e no amor e… como diz o meu amigo na intuição ! Tudo o resto é encenação…
