O Rodrigo tem 16 anos. A cinco semanas de terminar as aulas, está tapado por faltas, teve seis negativas e descobriu ao longo do ano que a diversão, sair à noite, beber umas cervejas e fumar cigarros, lhe permitem sentir–se diferente e mais livre, à segunda feira já só espera pela 5ª feira.
O Carlos tem 17 anos, já sabe que transitou e avançará para o 12ºano. Desde os 16 anos sai quase todos os fins de semana, conhece as discotecas de Lisboa que estão na moda e quase sempre bebe demais, não sabe porque bebe desta forma mas diz gostar da sensação de liberdade e despreocupação que o álcool lhe oferece.
A Margarida tem 16 anos, um ano lectivo de sucesso, sai algumas vezes por mês, aprendeu a gostar de fumar umas “ganzas”, diz que a ajuda a relaxar e a vencer a timidez.
São alguns exemplos de relatos que vou escutando por aí. Procuramos sempre fora de nós aquilo que nos falta dentro.
O objectivo deste texto, não é criticar um jovem que a partir dos 16 anos goste de experimentar os efeitos do álcool e de algumas drogas mais leves. A experimentação faz parte de qualquer processo de aprendizagem. A grande questão está nos hábitos que a sociedade juvenil está a criar em jeito de “consciência colectiva” no que se refere ao uso abusivo de álcool e drogas . E ninguém parece achar ANORMAL…
Quem tem filhos sabe, porque ouve relatos, de que os bares não vendem álcool a menores , mas que existem sempre umas lojas alternativas que vendem “litrosas” aos jovens menores!
O culto do álcool nas classes juvenis, é algo que vem sendo enraizado há dezenas de anos. Um processo a que assisti em várias produções e que é obvio e descarado, começando nas semanas académicas, recepções ao caloiro e festivais juvenis . O exagerado Patrocínio “oficial” de cervejeiras com milhares de litros, como se o motivo da festa fosse apenas o álcool. Encharcar os miúdos em álcool como se fosse a melhor coisa do mundo, para se fazer num festival. Pelo que observo neste momento, o pódio do consumo de cerveja nestes eventos, é ocupado agora pelas bebidas brancas como Gin e Vodka. Comportamento que é bem revelador da evolução das necessidades de índice alcóolico no sangue, por parte dos jovens que frequentam estas festas.
Não sei se foi uma estratégia social e se a intenção é estupidificá-los e danificar as suas mentes, desde quase a infância, para que se possam tornar seres mais manipuláveis socialmente ou se é apenas negócio das cervejeiras e comerciantes de álcool. Várias vezes me questionei sobre se os filhos dos donos destes impérios, também são consumidores assíduos ou se os pais os protegem!
Também já me questionei se alguma farmacêutica poderá estar na origem desta estratégia, para que o passo seguinte sejam os antidepressivos e ansíoliticos … Poderá ser também um interesse politico e social, quanto mais adormecidos, estupidificados e viciados em endorfinas artificiais, mais espaço fica para os outros tomarem conta do “REINO”. Obviamente isto ainda faz mais sentido quando olhamos para um sistema educativo caduco, envelhecido, completamente desmotivado, que acha que os jovens de hoje necessitam do mesmo que os jovens de hà 30 anos. Uns que apenas poderiam esclarecer duvidas em enciclopédias e outros com informação excessiva. Um sistema que ainda não percebeu que a espécie evoluiu em tecnologia e informação, mas que é preciso direccionar esta evolução para que não vire no seu contrário. Mais informação produz mais emoções e consequentemente uma maior necessidade de investir na educação emocional!
Há uns dias numa conversa com jovens falávamos do perigo da inteligência artificial… Antes disso tudo…Defendo que este comportamento social juvenil, de se deixarem levar por tudo o que “adormece” é por si só bastante perigoso. Embora sejam manipulados não deixa de ser um movimento voluntário, logo menos dispendioso, sem necessidade de implantes e chips limitadores de inteligência… sem grande esforço cada um está a criar a sua própria limitação!
Como eu gostava que parassem e se observassem…
Antes de beber, perguntem-se para que bebo ?
Antes de fumar droga perguntem-se para que fumo ?
Observem o vosso comportamento, tentem perceber se é apenas pontual ou se se está a tornar um hábito. Observem que emoções procuram encontrar ou esconder ? o que procuram fora que vos falta dentro ? E falem sobre isso… Porque nestes comportamentos podem ser reveladas muitas respostas…
Divirtam-se com consciência e com respeito ao que são …