“competÊncia vs menopausa”

Independentemente da quantidade de géneros existentes, na actualidade, o tema que trago hoje, acontece em “todes” que nasceram “elas” independentemente da forma como se sintam socialmente à posterior… é um processo que não é possível evitar, quando se nasce com o aparelho reprodutor “Feminino”, e refiro-me à “Menopausa”, um processo fisico transitório que merece alguma atenção.

A Menopausa não é um capricho “Feminino”. Observo a forma como algumas mulheres vivem pessoal e profissionalmente esta condição, observo a frustração por não conseguirem vencer o cansaço, sentem-se desgastadas, sempre em esforço para fazer frente às suas competências; “Precisava de um ano sabático” , confessava me uma cliente gestora de empresa…

Aos 50 anos (2020) a “Peri-menopausa” chegou…

E em três anos a vida muda… a primeira mudança é interna e discreta… depois surgem os primeiros sinais externos: o corpo aumenta de volume, o peito aumenta, surgem reacções novas aos alimentos de sempre, enfraquecimento de unhas e cabelos, perda de firmeza…

Neste processo a adaptação vai acontecendo quase de forma natural: comprar roupa mais larga, deixar de consumir o que percebemos que nos faz mal, mudam-se copas de soutien, inicia-se um novo treino, introduz-se o óleo de onagra, a B12 a vitamina D etc etc… mas não é tudo

Três anos depois…

Aos 53 anos (2023) novos processos químicos e neuroquimicos entraram em movimento… os hormônios que ainda mantinham o aparelho reprodutor a funcionar, caem … o que significa que a vida dos ovários chegou ao fim

… um novo ciclo de vida se inicia, porque uma parte deixou de funcionar…

E o corpo muda, mais uma vez, sem que consiga ter controle sobre a situação… Desta vez, perda de peso (menos mal), um alerta de que o processo hormonal mudou definitivamente…

E se hormonalmente estou em mudança, significa que neuroquimicamente estou em mudança…

E a Temperatura corporal (?), deixo de controlar a temperatura do meu corpo, seja de inverno ou de verão…sabia lá eu o que o estrogeneo fazia, pois bem, é também responsável por regular a nossa temperatura corporal… há um cansaço extremo provocado pelo aquecimento e arrefecimento do corpo, que chega a acontecer dezenas de vezes por dia, acelerando todos os orgãos.

Nunca pensei algum dia, desejar ter a temperatura do corpo estável, pois nunca me passou pela cabeça que poderia nao ter… Uma dádiva, ter controle sobre a temperatura do corpo, aproveitem-na bem!

Não ficamos menos competentes … isto cansa mesmo muito…

E a taxa de esforço para fazer o que se fazia antes, é multiplicada vezes sem conta…

Para nós mulheres, é uma etapa fundamental da nossa vida, um momento de transição fisico, psíquico e orgânico e até espiritual se o soubermos observar.

Uma transição que mexe na pessoa que criámos até aqui…

Nesta fase, acordam todos os monstros com os quais não lidamos ao longo da vida, traumas, inseguranças e medos… Com a desregulação hormonal e quimica, o humor é alterado, os níveis de bem estar caem e questões emocionais do passado ganham força, os medos tendem a tornar-se “enormes”… Um conselho a todas as mulheres, tratem das vossas questões antes de lá chegar.

E isto tudo a acontecer com a mesma profissão, com as mesmas responsabilidades!

Sei que vivemos num tempo cheio de pressa, competitividade, produtividade, de lideranças perfeitas, de aplausos , de febre pelo reconhecimento, de skroll em tudo… Mas somos humanos, o nosso corpo não é uma tela digital…E a IA não passa pelos processos por nós!…

Precisamos de tempo para que a maquina se ajuste…

Precisamos de tempo para que a mente e corpo se ajuste a uma nova realidade organica.

Uma profissional que passa por um violento processo destes, precisa de um apoio diferenciado… Há claramente o adormecimento de uma parte do corpo, que mexe com todo o nosso sistema …A seguir tudo pode voltar a estar bem, mas…

Precisamos de tempo!…

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