Que bom que é viver num lugar seguro…
Que bom é viver numa posição segura, numa dinâmica com a qual estamos familiarizados…
Mas de um momento para o outro, surgem questões que não nos retirando do mesmo lugar fisico, já não nos permitem estar seguros !
E as dinâmicas que conhecíamos deixam de existir… não se enquadram em tantas coisas novas por resolver…
E vem o medo …
E vem fantasmas que não sabíamos existir, nem percebemos como de-repente ganham força…
E mesmo sem forma física, parece que se alojam no nosso coração….
E o nosso coração começa a apertar, como quem não sabe viver assim…e grita para que o arranquemos dali… mas… não depende só de nós!…
O Medo instalasse confiante, como se conhecesse todos os cantos à casa … ficamos sem conseguir pensar, discernir… interpretar… só vemos medo à nossa volta e medo e mais medo… E…
Finalmente num momento de lucidez, percebemos que o medo, não chegou assim, sempre existiu, sempre esteve alerta, como se fosse uma tábua de salvação !!!! Uma ferramenta de sobrevivência… adquirida algures … com esse mesmo objectivo : De sobreviver…
E pergunto-me : Mas como se sobrevive com medo se o medo nos corta a acção ?
-Terei de viver inactivo ? Passivo ? Calado ? Esperar que passe ? Mas, como passa se eu não fizer nada ? E esta angustia no coração ? Não a quero … Não preciso …
Decido falar com o medo, cara a cara , sem medo:
-O que queres de mim , o que posso fazer por ti ?
-Estive sempre aqui, ainda não tinhas nascido e eu já existia no teu sistema, marco as injustiças políticas, as desigualdades, as corrupções e todos os medos familiares que presencias-te, lembras-te quando vos assaltaram a casa e levaram todo o ouro e o dinheiro que exista em casa ? … Fiquei no vosso campo, em todos os suicídios, homicídios, doenças fatais, abortos, roubos… fui chamado pelo teu sistema e aqui fiquei… Cada vez que acontece algo de novo no teu sistema que me soa arriscado, eu salto com todas as minhas forças, para vos proteger!…
-UAU… para nos proteger julgas tu, eu acho que nos congelas a acção … E neste momento, acho que estás a exagerar, acho que não é preciso tanto… O assunto é delicado , mas eu dou conta do recado, como aliás sempre dei … agradeço-te a disponibilidade, mas … não me parece que seja necessária a tua presença neste assunto… Está a fazer pior do que melhor!
.-Tens a certeza ? Tu vê bem !
-Sim tenho, mas não te vás já embora, tenho uma proposta.
-A Sério ?
-Sim… Sabes que eu acho que tu podes ser muito utíl em diversas situações, e na verdade até podes salvar vidas, quando apareces para iluminar consciências. Por exemplo eu acho que o medo de fumar e de consumir drogas é muito utíl, ter medo das consequências do desgaste provocado pelo ser humano no planeta, pode ser muito utíl na sua recuperação, ter medo de roubar e de corromper por exemplo são acções em que podes investir !
-Sim tens razão … mas e o que faço com os medos que ficam nos sistemas!
-Se os mantiveres no sentido de tornar o mundo melhor para todos acho que sim, mas sinceramente não vejo utilidade nenhuma eu eu herdar um medo do meu antepassado por ter tido uma morte violenta, ou por ter perdido algo que gostava !
-Queres explicar ?
-Sim claro. As escolhas e consequências das escolhas dos meus antepassados é algo que apenas lhes pertence a eles, independentemente da sua função no sistema. A minha mãe, os meus avós, os bis-avós, experienciaram a vida num tempo social e histórico diferente do meu, não faz sentido eu ficar com os sentimentos de medo deles quando estou a viver outra realidade … na verdade ficar refém dos seus medos, só me vai atrapalhar, estamos em momentos sociais, culturais, económicos, politicos e religiosos muito diferentes e além disso nós somos muito mais que elementos de um sistema familiar, somos almas indviduais… Acho que devemos tomar consciência disso para parar de viver as heranças dos que nos antecederam, limitando a nossa existência e capacidade de evolução … E sabes que mais ?
-Diz-me !
-Se eu perguntasse aos meus antepassados se no “testamento sistémico” me deixariam os seus medos , aposto contigo que todos me diziam que não … Os nossos antepassados querem que sejamos felizes, melhores que eles, que nos superemos e levemos o nosso sistema adiante.
A conversa com o “medo” sistémico terminou aqui … E agora é resolver o que estiver por resolver e não permitir que os meus traumas fiquem escritos no testamento “sistémico” de todos os que me sucederem… Aos meus só quero deixar o que lhes for útil para se superar …!
Orientação Sistemica 