O André é um rapaz como os outros: é sociável, popular. Tem agora 17 anos e quer na escola ou no ambiente familiar sempre lhe disseram que tem uma “maturidade” acima da média. Neste momento depara-se com uma realidade que lhe causa algum sofrimento e sente-se por vezes deslocado; não lhe fazem sentido as escolhas “inconsequentes” de alguns colegas, de quem gosta muito. Será que maturidade é ter noção das escolhas que se fazem ? Será que ser imaturo é não perceber os efeitos das suas escolhas ? Será que não lhes passa pela cabeça que o que fazem se irá voltar contra a sua mente e corpo ? O André refere-se ao excesso de consumo de álcool, de tabaco e de drogas como “ganzas” e outras e questiona-se porque é tão importante para alguns jovens estas escolhas, como é que não percebem que não é por ali que crescem, que se afirmam ou serão melhores?
Como é possível alguém achar que se afirmam “lixando o seu corpo” e as suas melhores capacidades. O André não consegue ver as coisas de outra forma e a questão dele é : Será complicado ver isto assim ? Eles parecem saber mas não querem saber ? Isto que sinto é maturidade ?
Falando das experimentações disponíveis a partir da adolescência, uso excessivo de Tabaco ,Drogas e Alcool. Um velho assunto e um caminho escolhido por alguns jovens:
A maturidade permite-nos ver para alem da nossa idade… A consciência, neste contexto, permite-nos ver de forma lúcida as consequências da nossas escolhas. Já apenas o saber que algo nos faz mal nunca foi impeditivo que alguém o fizesse.
Talvez seja melhor falar de consciências. Não se sabe exactamente porquê, mas é um facto que o níveis de consciência diferem de pessoa para pessoa, mesmo irmãos criados pelos mesmos pais, tem níveis de consciência diferentes.
Podemos definir neste caso que o André tem uma consciência e percepção aguçada alem da maturidade. Consegue vislumbrar as causas e efeitos que o consumo de droga, álcool e tabaco podem ter na sua vida e no seu corpo e o mesmo não lhe faz sentido; sente-o como um acto de autodestruição que o faz colocar de lado essas opções. O André sente profundamente que não é por ali e por isso não segue as tendências, venha quem vier. Para o André encher os seus pulmões de fumo, corromper a sua mente com drogas para atingir estados alterados de consciência, que lhe retiram o control da realidade em que vive, é uma verdadeira perda de tempo e de dinheiro.
Se temos níveis de consciência diferentes, isso significa que perante algumas situações as percepções são também diferentes. Alguns de nós, tem de sentir as consequências na pele, para realizar o conhecimento e posterior “consciência” dos seus efeitos. Por muito que os tentemos convencer do contrário, os que os olhos deles veem, as motivações e interesses, validados pelos seus sentidos, veem resultados diferentes e quando perante estes vícios, há consciência, percepção ou maturidade como lhe chama o André , não é fácil aceitar o facto de o outro não ver o óbvio, mas é importante aprender a aceitar que o outro faça uma escolha diferente e que tire dela o melhor partido.
Talvez o André não sofra apenas por ter consciência, talvez sofra e frustre por não conseguir transmitir essa percepção e encaminhar o outro para um trilho mais construtivo. É normal que essa frustração gere alguma revolta e até isolamento. Mas há que aceitar: é normal que o outro não sinta de igual forma.
A consciência é necessária e é imperativo que mais jovens se manifestem mas há que a saber gerir e num mundo tão contraditório é uma dádiva quando lhe conseguimos aceder e por isso é importante não deixar que essas dádivas ( “consciência”, “lucidez”, “percepção”) causem frustração e revoltas.
Como gerir as emoções desta “Consciência” ?
Aceitando que todos temos diferentes níveis de consciência, tempos diferentes, ritmos diferentes e que quando alguém não vê o óbvio é porque precisa de vivenciar para aprender. O outro pode sempre achar que o errado és tu e nesse momento a melhor escolha é deixa-lo ir, sem criticar, sem julgar mas atento, caso sejas necessário mais à frente.
Saber que para chegar ao coração do outro e transformar realidades é preciso conhecer a sua estrutura e valorizar as suas escolhas e acima de tudo é preciso que o outro queira.
Saber que a “consciência” e a percepção partem do coração, não há como impo-la a ninguém.
Por fim e talvez a maior missão de um jovem lúcido e consciente é SER EXEMPLO só o exemplo desperta consciências por isso Mantém-te EXEMPLO. A melhor forma de agir por vezes é ” não agir”. SER EXEMPLO tem um enorme papel educativo uma acção discreta, mas poderosa.