O Martin colocou uma questão que diz respeito aos seus pais, que há cerca de dois anos resolveram terminar o casamento. Como geralmente acontece a separação não é um período tranquilo, obrigou a muitas mudanças físicas e emocionais.
O Martin diz que já se habituou à ideia da separação, aceita que o pai esteja com outra companheira mas, sente sofrimento pelas discussões e a falta de admiração que ficou entre os pais. A sua questão é se já está habituado à nova realidade porque é que continua a sofrer com as discussões ?
Não tenho uma resposta para o sofrimento do Martin, mas tenho uma proposta de linha de pensamento ou reflexão sobre a razão que pode levar à persistência do sofrimento. E esta proposta foca-se em dois princípios que acredito; o primeiro, não é por nos habituarmos que deixamos de sofrer e o segundo, as discussões dos pais afetam a energia subtil dos filhos fazendo-os entrar em conflito com eles próprios. Aqui vai:
Porque sofremos quando os nossos pais discutem , ou porque sentimos raiva ou revolta ?
Eu entendo que isso acontece, talvez porque, cada um de nós tem na sua constituição biológica e energética 50% do pai e 50% da mãe. Não temos os erros do pai, nem os erros da mãe mas, temos a energia de vida de cada um formando a nossa genética e o nosso sistema. Não existe uma comprovação cientifica mas é comum ficarmos felizes e serenos quando vemos os nossos pais em harmonia. Como por magia usufruímos dessa harmonia. Lembro-me de adorar ver os meus pais de mão dada e ainda hoje me tranquiliza recordar esse momento. Eu creio que isso acontece porque as duas partes energéticas que temos deles, reconhecem essa energia de paz e ficam também equilibradas. Nesta lógica, se os nossos pais estão bem nós estamos energicamente fortes, quando os nossos pais entram em conflito um com o outro e demonstram falta de admiração é natural que nos sintamos também energeticamente mais fracos, em sofrimento e até em conflito. É quase como se a parte de cada um que está em nós entrasse também em conflito. A nossa força, a nossa identidade energética é muito forte e faz esta passagem de informação de emoções. Esta ligação pode ser uma possível explicação para o sofrimento que sentimos perante as discussões e falta de admiração entre os nossos pais. Há que desmontar este entendimento emocional para nos libertar desse sofrimento.É preciso transmitir ao meu centro energético que está tudo bem, que não é nada comigo.
Os divórcios e separações entre os nossos pais, podem ser uma grande oportunidade de crescimento, transformando-se no momento de aprendizagem sobre as várias facetas dos nossos pais, além de pais são também duas pessoas a viver experiências como; homem e mulher, casal , profissionais , filhos, colegas de trabalho e muitas outras coisas.
Então como deixar de sofrer com as discussões dos pais ?
1º- Olhar para cada desentendimento do casal como um desentendimento entre um homem e uma mulher e não entre os pais.
2º- Encarar a falta de admiração entre os dois como um desencantamento provocado pelas suas escolhas e pela própria vida como Homem e mulher.
3º-Entender que os divórcios são momentos de uma grande tempestade emocional. É como se viesse um furacão e partisse tudo, levasse o equilibro, a razão e a paz para um terreno bem longe. O Homem e a mulher precisam de tempo para arrumar as emoções outra vez, para re-encontrar o equilíbrio. E por muito esforço que façam é difícil gerir dentro deles os muitos conflitos com todas as suas facetas.
Sugeri ao Martin uma ferramenta que pode ajudar a uma “arrumação/organização” emocional nestas épocas.
Relembrando a questão do sofrimento ligado às discussões e falta de admiração: Sugeri ao Martin que fechasse os olhos e imaginasse que numa mão teria 50% da mãe e na outra mão colocasse os 50% do pai e focado numa das mãos, dissesse -pai eu tenho a tua melhor energia , e para a outra mão: – mãe eu tenho a tua melhor energia …(que estivesse alguns segundos neste pensamento) eu estou tranquilo eu sou o resultado das vossas energias … depois calmamente, aproximasse as mãos e as entrelaçasse… dizendo EU SOU A MELHOR PARTE DE VOCÊS DOIS e vou fazer o melhor que souber com a energia que cada um me deu, com amor e respeito. Espero que um dia se venham a respeitar e agradeçam o que viveram um com o outro, como eu vos agradeço por me terem dado a vida com a vossa energia. Agora eu sei que as vossas discussões não me pertencem e com essa realidade eu fico mais forte.