Que bom que falamos, que bom que comunicamos e que bom quando falamos de emoções de forma simples.
Na noite de sexta feira a Joana chegou de uma festa entre amigos, com um tema “pouco agradável”; diz que a Susana esteve a noite toda a criticar todos os seus movimentos, sem que ela lhe tivesse dado motivos para tal. Diz que primeiro se sentiu confusa e surpresa com a atitude da amiga, mas depois começou a sentir-se, furiosa, e revoltada, continua sem perceber o que a motivou e questiona:
“-Porque é que a Susana passou a noite a apontar defeitos a tudo o que era meu, desde o cabelo, à roupa à minha forma de estar e até de falar ..e a interromper todas as conversas, com segredos “parvos” ? Terá inveja de mim ?
Não sabemos se é inveja o que a Susana sente mas a Inveja parece-me um bom tema.
A Inveja é uma emoção simples de explicar e muito comum nos relacionamentos. A Inveja nasce da tristeza de não possuir o que o outro tem. E é algo tão interno que faz explodir outras emoções : frustração, revolta, raiva e não aceitação.
Não aceitar não ter o que o outro tem, gera um enorme sofrimento, uma vontade quase inconsciente de destruir o outro e desvaloriza-lo, julgo que é sempre na tentativa de acalmar a sua tristeza. Os que são alvo da inveja não se apercebem logo disso. A inveja por vezes vem disfarçada de muitas acções e por vezes aquele que está ser alvo de inveja, fica sem perceber nada… E quando não percebemos resta-nos OBSERVAR!
Porque se tem inveja
São diversos os motivos que podem levar uma pessoa a sentir inveja de outra. É importante saber que não se tem sempre inveja, nem nunca, todos podemos um dia sentir inveja. Talvez ela apareça quando sentimos uma Insatisfação muito grande com o que temos e com quem somos, e podem ser situações passageiras que rapidamente resolvemos ou traumáticas que fazem com que a inveja fique como padrão. E não acontece, porque as pessoas são más. Pode acontecer a qualquer um, em diferentes fases da vida, por isso é importante estar atento e observar.
Sentir inveja é um risco, pois quando nos focamos a desejar o que o outro tem, corremos o sério risco de perder a oportunidade de receber do universo aquilo que nos está destinado. A inveja causa um grande sofrimento, coloca aquele que sente inveja, num campo de batalha consigo próprio, quem a sente sabe muito bem que não é uma emoção que alimente a felicidade nem a liberdade de ser e mesmo que alcance o que o outro tem a insatisfação mantém-se porque não está a cumprir com quem é.
Na pratica a inveja pode ser um bom mestre para aprendermos a gostar de nós, a confiar que estamos exactamente onde temos de estar e a confiar que temos exactamente aquilo que temos de ter.
O que propus à Susana foi um exercício de imaginação:
1º – Colocamos duas cadeiras lado a lado. E imaginar a seguinte situação:
Numa está a Joana e na outra está a amiga (A Susana)
2º- Senta-te na cadeira que escolhes-te para teu lugar, fechas os olhos e imagina-te a conversar com a Susana, talvez lhe perguntes porque te tratou assim ? se é inveja ? (aguarda 30/60 seg)
3º- Senta-te na cadeira que escolhes-te para a Susana e imagina que és a Susana e que acabou de ouvir as palavras da Joana no passo 1º . Fecha os olhos e observa como se sentirá a Susana e o que é que a Susana poderia responder (aguarda 30/60 seg)
4ºPasso – Voltas à tua cadeira e se fizer sentido diz à Susana que achas-te que ela tinha inveja, podes relembra-la da vossa amizade, de todas as suas qualidades, de que ela é única e especial e inimitável, que gostas dela exactamente como ela é.
5ºPasso- volta à cadeira da Susana e imaginando que ela ouviu. Como achas que se sentiu.
Este exercício podemos fazer com qualquer questão relacionada com relacionamentos, é um exercício que nos ajuda a observar e a colocar no lugar do outro e pode acalmar o coração daquele que fica revoltado com a grande injustiça de um amigo dizer mal dele apenas porque deseja o que ele tem e pode ajudar a compreender aquele que invejou. Depois talvez numa conversa presente, ajudá-lo a perceber que a inveja é uma emoção que podemos integrar como aprendizagem e descartar, basta aceitar aquilo que somos e o que temos aqui e agora!
Gosto de imaginar as emoções como algo maleável , gosto da possibilidade de alterar a forma como nos relacionamos e as rotulamos. Não são boas nem más, se existem é porque em alguma situação nos foram úteis , para apreender , aprender, sobreviver ou simplesmente para nosso autoconhecimento.
Emoções boas ou menos boas, só há uma forma de olhar para elas: Com AMOR!