A Margarida colocou uma questão que deve fazer eco em muitos pré adolescentes e adolescentes e até em muitos adultos. Uma situação entre colegas na escola despertou nela uma reacção descontrolada e da qual não se orgulha. Na sua exposição sobre a questão disse: – não sei porque respondi daquela maneira, parece que não era eu que estava a responder, passei-me e embora saiba que tive os meus motivos, sinto que poderia ter respondido de outra forma, talvez tenha magoado demais e não gosto nada desta sensação, sinto-me culpada!
Há quem diga que em toda a exposição de um problema ou questão está sempre a resposta. E só o facto de a Margarida ter consciência de que não gostou da sua reacção é já um caminho, para que numa próxima situação semelhante, procure dentro dela uma outra resposta que não a deixe desconfortável e culpada.
Sobre as reacções
É muito comum por vezes reagirmos impulsivamente ou instintivamente a certas situações. Por vezes a nossa reacção “exagerada” ou mais “agressiva”, não está só relacionada com a situação presente, mas também com as nossas crenças, com alguma experiência semelhante, que despertou um maior instinto de defesa e que nada tem a ver com o outro ou pode ter a ver simplesmente, com a gestão emocional do momento.
Sobre o sentir culpa
Não precisamos nunca que nos apontem o dedo, porque nós somos os nossos maiores críticos, assim foi com a Margarida. Na nossa almofada e sozinhos às vezes somos muito pouco gentis e compreensivos connosco e culpamo-nos. É preciso que comecemos a olhar para nós/EU com mais amor e com mais tolerância, pois estamos sempre em processo de aprendizagem e com forte possibilidades de cometer erros e isto vale para crianças, adolescentes, adultos e idosos.
A “Culpa” assume um peso grande quando a carregamos às costas e retira auto-confiança, mas não a precisamos carregar. Consideremos que ás vezes é necessária a sua presença apenas com a função de nos indicar que temos coisas a melhorar : Mas SÓ ISSO… e nesse sentido a culpa até poderia ser uma amiguinha bem-vinda.
A culpa deveria ter a duração de um curto Snapchat … – Ok já te vi, já te entendi agora podes ir, vou melhorar isso! – É o que andamos todos a fazer : a aprender a relacionarmos-nos uns com os outros e quanto maior consciência tivermos desse processo em nós, maior consciência e compreensão teremos do mesmo processo no outro.
Podemos então ver a culpa como um alerta de que temos de melhorar algo e assumir o compromisso de melhorar mesmo. Numa próxima situação a Margarida já estará mais alerta, já conheceu o desconforto que um acto impensado ou mais reactivo pode provocar no seu bem estar emocional e relacional. E assim até pode agradecer o facto de a culpa ter aparecido, pois teve a função de despertar a consciência para algo que tinha de ser melhorado.
Como agir perante a situação concreta:
Reconhecer, aceitar e acolher dentro do nosso coração a nossa acção é o primeiro passo, pois isso vai apaziguar o nosso sofrimento e paralelamente a este trabalho se fizer sentido, falar com a outra pessoa e pedir desculpa por o ocorrido e se fizer sentido dizer-lhe mesmo que: -a minha reacção agressiva ou exagerada teve mais a ver comigo do que contigo.
Por ultimo a minha sugestão à Margarida e que é uma boa prática para o dia a dia: Aceita que estás a aprender, aceita que é bom errar, aceita que nem sempre fazemos tudo bem, mas que foi a melhor forma naquele momento, somos seres emocionais e as emoções trazem mensagens e oportunidades para melhorar, a culpa tem de ter a duração de um curto Snapchat um rasgo de consciência, aviso que se calhar é melhor rever aquela acção. Assim não é preciso carregar culpas, aceitamos os nossos actos menos bons, agradecemos a aprendizagem, melhoramos emocionalmente e vivemos mais livres … assim será mais difícil apontar o dedo a outros.