A Marta está possuída o rapaz com quem namora há dois anos traíu-a. Andou durante um mês a trocar mensagens com uma outra miuda. Ele diz que foi só por distração, porque a outra miuda era diferente, garantiu-lhe que nunca pensou em acabar a relação com ela, porque para ele, ela “Marta” é a namorada perfeita.
-Se eu sou perfeita, porque foi ele meter-se com outra rapariga ? Que vergonha sinto-me tão mal com isto! E o pior é que não sei o que hei-de fazer!
-É normal que não saibas o que fazer Marta, é algo tão inesperado que perdemos capacidade para responder!
-Nós sempre nos demos tão bem, sempre foi tudo tão partilhado , estou incrédula, não percebo , juro que não entendo onde é que eu errei ou que é que me falta!
-Julgo que não te falta nada Marta , ao Diogo é que faltou qualquer coisa! É bom que nos coloquemos em questão, mas também é igualmente bom que não nos achemos o centro do seu mundo e das suas decisões. Na maioria das vezes a pessoa que foi traída não tem nada a ver com a escolha ou com a decisão de trair. E às vezes o parceiro que está a trair, só toma verdadeira consciência do que está a fazer ou do que fez quando vê o sofrimento que causa no outro! Infelizmente há muita inconsciência neste tipo de dinâmicas!
-Inconsciência ? nem se lembrar que eu existo ?
-Não quer dizer que seja esse o caso, mas é muito comum alguns rapazes traírem, fruto de desejo meramente fisico ou por curiosidade, sem pensar na companheira. Estragam-se muitos relacionamentos assim, mas também se reconstroem muitos relacionamentos quando ambos estão dispostos a fazer desse acontecimento uma aprendizagem e a superarem-se, o importante e fundamental é que exista confrontação com a verdade.
-Pedir-lhe toda a verdade ?
-Eu acho que só a verdade liberta, é bom para os dois, para uma decisão forte e consciente, seja para romper ou ficar só a verdade vos pode dar alguma aprendizagem para este ou futuros relacionamentos.
-Aprendizagem sobre o quê ?
- Sobre a individualidade do Outro , “não estamos no outro” por muito que aches que conheces o Diogo, existem situações em que nem o próprio se conhece.
- Sobre onde cabe a nossa responsabilidade nas escolhas do parceiro
- Sobre não levarmos a peito todas as escolhas do nosso parceiro, não somos o centro do seu mundo e é bem possível que não nos tenha pesado nas suas escolhas inconscientes. Não tem a ver com estar certo ou errado, tem apenas a ver com a nossa responsabilidade nessa escolha. Pode ser até confortável sentir que “afinal eu não tive nada a ver com isso, está tudo certo com a minha forma de ser!”
- Aprender que é possível transformar um episódio de traição numa grande aprendizagem, através de uma ruptura mais consciente ou de uma reconciliação que pode fortalecer a relação.
Não existe a opção certa.
Se ambos quiserem apostar na relação é muito importante que falem deste episódio, que o esclareçam abertamente por muito que custe, que fique bem definida a posição de cada um e a aprendizagem que cada um retirou.
Caso decidas ficar tens de fazer algo que ele não goste muito, para equilibrar o peso da balança entre o dar e o receber. Uma amiga decidiu continuar o relacionamento após a traição, o marido adorava o seu cabelo comprido e ela resolveu cortá-lo (LOL), para depois deixar crescer. Outra amiga decidiu fazer uma viagem espiritual, mas sem o marido.
Não é um castigo é apenas colocar algum equilíbrio na balança do dar e receber , Para a pessoa que traiu, esta dinâmica é muito importante é assim que também se equilibram os sistemas.