A Patricia veio falar comigo sobre as férias da páscoa. As colegas combinaram muitas saídas divertidas durante as férias e ela tem de ir para casa dos avós, como sempre. Está triste por não se poder divertir com elas e disse-me ” eu acho que por causa de eu não poder ir com elas e divertir-me com elas , depois fico à parte! É uma seca ir para a casa dos avós”
Bem, esta expressão de ficar à parte tem muito para se conversar. Mas a primeira coisa que me ocorreu dizer à Patricia foi que o grande mal e causador de muito infelicidade, a todos nós, seres humanos, é esta insatisfação permanente com o que somos e onde estamos:
Antonio Variações um cantor português, fez sucesso com um tema assim e cantou exactamente isto numa música:
“Esta insatisfação ,
Não consigo compreender,
sempre esta sensação ,
de que estou a perder…
…Estou bem onde não estou
E só quero ir para onde não vou”
Temos de aprender a desfrutar da nossa vida e da nossa história, sem condicionar os nossos passos. Se temos uma dinâmica de vida diferente das pessoas com quem nos relacionamos e se vivermos bem com isso, essa nossa postura de confiança no nosso caminho jamais destruirá as nossas relações. Muitas das vezes é a nossa não aceitação da nossa vida e querer viver a vida dos outros, que nos faz sentir à parte e consequentemente damos permissão para que as suas vidas se superiorizem à nossa experiência.
Imagina que eu estou em frente a um grande campo de Morangos e os meus amigos estão num campo de Laranjas. Se eu estiver focada no Cor de Laranja eu vou perder toda a informação que um campo de morangos me pode dar, perderei a oportunidade de memorizar o seu cheiro , os contrastes das cores, a forma como crescem e todo o seu processo e acima de tudo perderei a capacidade de partilhar esta experiência, porque estou focada no campo de laranjas onde os outros estão sem aprender nada com isso e ainda frustrada por não estar lá.
É preciso aprender a desfrutar da nossa vida, da nossa história. Todos concordamos: a inveja é uma emoção tóxica e destrutiva. É importante perceber, ela é frutosdestas pequenas dinâmicas, sem consciência ela vai parecendo e ganhando espaço dentro de nós e por isso e antes de lhe dar mais espaço é preciso aprender que nós ESTAMOS EXACTAMENTE ONDE TEMOS DE ESTAR!
A mãe do Salvador já não sabe o que fazer, o Simão aproveita todos os castigos a seu favor e relatou-me :
-Sabe eu com o desespero fechei-o na despensa e disse-lhe que ficasse ali a pensar sobre o que tinha feito! Sabe o que ele fez ?
-Não faço ideia – respondi muito curiosa
-Ele fez uma degustação com os doces que eu tinha na despensa! Acha isto normal ?
-Acho maravilhoso – respondi- E fico muito feliz por ele ter esta enorme capacidade de desfrutar da sua realidade e por naturalmente “saber que está exactamente onde tem de estar” e usar isso a seu favor!
-Bem nunca tinha pensado nisso assim! nesses termos fico bem feliz…
Se todos soubéssemos naturalmente, desfrutar do que nos acontece, como o Simão, seriamos pessoas mais interessantes uns para os outros, com experiências mais diversificada e acima de tudo menos ansiosos porque quando sabemos que estamos exactamente onde temos de estar, não ficamos ansiosos por nada, desfrutamos, vivemos o momento , tiramos partido e vivemos momentos muito mais felizes!
Páscoa Feliz.