Recebi a noticia da morte de uma mulher que acompanhei durante alguns meses.
A Carla Mónica, há cerca de um ano e meio, enviou mensagem, precisava de companhia na busca de respostas para vida, que lhe estava a fugir das mãos.
A Carla Mónica foi uma guerreira sem medo da morte, ambicionava vencer a doença, por adorar a vida, no entanto, sabia que o seu corpo fisico estava demasiado frágil.
Com o desenrolar das sessões, olhar para o seu sistema, observar o rumo da vida e as escolhas feitas, tornou-se prioridade. Assumiu a responsabilidade dos seus actos, mas queria saber mais … e foi isso que fizemos, durante alguns meses e enquanto a doença nos permitiu fomos viajando pela vida: abraçamos o pai e a mãe, o ex- marido, e o filho que não singrou… Ainda libertamos o sonho de ser mãe, consumado pela doença…
Desenhámos, escutámos, experimentamos novas técnicas e também tomamos café juntas… a Carla sabia que poderia sempre pedir para cancelar a sessão ou estender a minha presença… e também sabia que a qualquer momento poderia parar as sessões, dando lugar a outras técnicas que lhe dessem novo fôlego, entre nós esteve sempre tudo certo, o importante era encontrar sentido, não havia tempo a perder.
Com o corpo cada dia mais cansado… parámos as sessões, a Carla procurou ambientes naturais mais puros, fortalecer o corpo fisico tornou-se prioritário. Permanecemos em contacto.
Em 5 novembro passado, escreveu-me a dizer que a doença tinha alastrado (já sabíamos !) e quinze dias depois a Carla partiu… Vencedora.
A inteligência e sabedoria emocional da Carla levou-a a pedir ajuda para arrumar muito do lixo emocional, provocado na passagem por esta vida. Partiu com muitos assuntos arrumados e eu Sei que a Carla um dia quando voltar a este plano vem mais leve, pronta para uma nova experiência. Talvez para fazer apenas, o doutoramento em saber viver.
Continuo por cá como aprendiz … E graças a pessoas como a Carla Monica hoje sei que morrer não é perder… enquanto a morte chega e não chega aproveitemos a oportunidade da vida, para ir limpando o lixo emocional acumulado, aceitar as nossas escolhas, integrar as aprendizagens e agradecer esta oportunidade de experiênciar a VIDA.
Hoje excepcionalmente uso o nome real da pessoa de quem falo, porque é importante dizer o nome desta mulher que venceu a morte …manifestando-lhe assim, a minha grata e humilde homenagem.