Sobre a utilidade das Saudades!

O Pedro veio em busca de orientação porque está em sofrimento, não está a conseguir gerir as saudades da companheira.

“Ela seria a mulher ideal para mim… acordo de manhã a pensar nela e deito-me a pensar nela, custa-me muito não a ter comigo, não consigo aceitar não a ter comigo”

O Sr Vitor um sexagenario está de rastos , a mulher faleceu. Era o seu quarto casamento e o mais feliz de todos.

“Fomos desenhados um para o outro, ao pé dela sentia-me como nunca me senti ao lado de nenhuma outra mulher, viajamos, brincamos, brindamos a tudo, recuperei ao lado dela toda a minha juventude… sinto um vazio enorme as saudades corróiem me a alma”

A Marina viveu o relacionamento amoroso mais intenso da sua vida, logo após o divórcio de um casamento de doze anos. O relacionamento durou poucos meses, segundo relata, mas teve uma intensidade tão forte que passados dez anos, ainda consegue sentir manifestaçoes fisicas de saudade.

“Não consigo explicar a ninguem, foi um relacionamento transcendental, superou tudo aquilo que eu poderia prever que a ligação entre duas pessoas poderia ter. Tinha acabado de me divorciar, não tinha muita coisa para arrumar na minha vida, a minha prioridade eram os filhos… Percebi que não era o momento certo para aquela história acontecer, no dia em que ele me propôs sair com ele para outro continente, senti por segundos a liberdade de vivermos um para o outro, mas de imediato a impossibilidade desse amor acontecer sem que se tratasse de uma meia felicidade a curto prazo… tinha uma familia a minha mãe estava doente, os meus filhos a crescer… as nossas dimensões terrenas eram diferentes… este encontro teria de ficar para outras instâncias… ou talvez para uma outra encarnação. No entanto as saudades ficaram… não há um só dia que não me recorde dele e que não lhe deseje, bom dia e boa noite e agradeça a informação que me trouxe sobre a possibilidade de uma conexão maior entre dois seres humanos, às vezes sinto que não deveria estar presa assim, mas não sei como fazer”

As saudades vem muitas vezes associadas a dor e a culpa. Não aceitar, não ter, não aceitar deixar de ter e ainda culpar-se por ter perdido ou por não ter vivido mais este ou aquele momento. No caso do ultimo relato, o da Marina, as saudades são mais conscientes mas mesmo assim um impedimento para avançar.

Nestas sessões a minha proposta baseia-se em desconstruir esse sentimento.

Quando peço que me identifiquem os sentimentos e emoçoes menos bons associados a essa saudade aparece:

  • DOR de ter perdido
  • A CULPA por não ter sabido manter
  • A TRISTEZA por não ter
  • O VAZIO de presença
  • A Revolta por ter perdido o controle
  • A Raiva por não aceitar
  • A Angustia

Tudo o que nos deixa saudades, revela que vivemos bons momentos. Ninguém tem saudades de momentos traumáticos, ninguem sente falta de algo que não lhe fez bem. Muito embora às vezes as saudades possam estar ligadas ao habito de ter e ao medo do novo, não deixam de estar associadas a um sentimento de conforto e estabilidade.

É importante aprender a olhar para as emoçoes que nos chegam através de um novo campo. Quando peço que identifiquem as Emoçoes de que tem Saudades, surge Harmonia, Cumplicidade, Felicidade, Bem estar, Plenitude mas tambem o conforto, a segurança e auto estima. E é quase sempre nesta fase que descobrimos que temos saudades da pessoa, mas também de tudo o que ela nos proporcionou na relaçao conosco mesmo. Deixa-la ir pode significar deixar um pouco de nós e muitas vezes temos medo de deixar de ser sem ela o que conquistámos com ela.

Na verdade não tem de ser assim, na verdade eu creio que não é mesmo assim. Tudo o que vivemos enriquece o nosso patrimonio pessoal e emocional. E para avançar, após cada relacionamento, tenha sido a perda por morte ou ruptura, devemos levar a melhor parte e prepararmos-nos também para uma nova visao de nós mesmos. E é esse re-estruturaçao que muitas vezes temos grande dificuldade ou relutancia em fazer. Na universidade para a paz mundial “Brahma Kumaris” usavam a expressão “MORRER DE MIM” o que quer dizer, deixar ir a parte de mim que viveu aquela experiência, largar todo o sofrimento associado e avançar para uma nova realidade.

Quanto à dor, à culpa, tristeza, vazio, a angustia, revolta e raiva o que fazer ?

A todas as emoções associadas à saudades, determinar uma meta, decidir um timing para as sentir, proponho sempre fazer alguns exercicios para ir deixando ir. Consciente sempre de que se temos saudades foi porque algo de bom foi vivido e esse é o património emocional que nos pertence e serve à evolução ao qual devemos ser gratos.

Sessões online e presenciais

http://www.orientacaosistemica.pt

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