Farta de andar zangada com o meu corpo

“Estou cansada de me preocupar com o corpo… acho que passei os ultimos 20 anos da minha vida a olhar me ao espelho e a não gostar do que vejo… estou farta de andar zangada com o meu corpo, de nunca ser suficiente… Hoje sinto que foi um grande desperdicio de tempo e de energia… chego aos 40 e sinto que esta preocupação “silenciosa” me retirou muita qualidade de vida… muito tempo para outras coisas..

Perdi em todos os campos da minha vida, nunca fui realmente espontanea, nem segura da minha presença perante os outros e tudo o que fiz, por ter esta relação “disparatada” com o meu corpo… e o pior é que sei que o meu corpo não tem problema nenhum… vesti sempre entre o 34 e o 38, tenho um pouco de peito… mas nunca tive nenhum problema que justificasse esta insatisfaçao e mal estar com o meu fisico…

Que raio de sombra foi esta que me perseguiu, não sei onde ela nasceu, não consigo perceber… existiram epocas piores que outras, mas nunca consegui viver livre disto… é como se em tudo o que faço, para tudo o que vivi existisse sempre um grande MAS…”

Este valioso relato da Filomena é sentido por milhares de mulheres e também homens em todo mundo. Vivem numa profunda inquietaçao interior , em silencio andam pelas diversas opções; dietas de suplementos com a desculpa para ser saudável, planos detox, ou plásticas de aperfeiçoamento para aumentar a auto estima, exercicio fisico para se manterem activos, etc . Uma escravatura em prol de um corpo perfeito que nunca vão ver… No fim de tudo isto a Filomena diz estar cansada, sente que não quer continuar assim, precisa de se reconciliar com o corpo em que escolheu viver e para isso veio em busca de um sentido.

A Emilia sempre foi super magra, nunca teve de se preocupar com o peso, após um tratamento aos quase 60 anos e devido à cortisona engordou 10 kilos. Deixou de comer e associou ao seu problema uma anorexia nervosa. Confessou ” sempre fui magra e para mim ser gorda é como se tivesse sido despromovida socialmente, foi isso que senti”

A Maria tem 17 anos, emagreceu naturalmente no ultimo ano. Foi à festa de uma amiga. A familia dessa amiga sempre deu uma enorme importancia ao estatuto de ser “magra” … A Maria comentou que finalmente a mãe da amiga se mostrou afectuosa com ela dizendo-lhe ” A menina está mais magra, muito melhor agora , muito mais bonita ” a Maria relata que entendeu este comentario como “Agora já pode fazer parte porque é MAGRA !!!”

Sobre este assunto ficam algumas questões :

Porque é que todas as pessoas que alcançaram sucesso, e que estavam acima do peso, acabaram por fazer grandes esforços para perder peso ?

  • Porque é que o peso está associado ao talento ?
  • Porque é que o peso está associado às capacidades ?
  • Porque é que o peso está associado a um status social ?
  • Porque é que o peso está associado ao sucesso ?
  • Porque é que o peso está associado à popularidade ?

Quem é que fez destes principios , principios sociais ?

Quem é que acredita neles ?

Quem é que os alimenta ?

De que forma alimentam estes principios ?

Terá a sociedade alimentado esta frustração para que as pessoas não evoluam intelectualmente e se foquem em futilidades ?

Uma pessoa por ser GORDA perde qualidades , Capacidades ?

Com base em que conhecimento é isto assim ? Que sentido faz isto ?

De que forma se pode alterar esta realidade.

Como dizia a Filomena: “DESPERDICEI tanta energia nesta luta comigo mesma, parece que estive sempre em guerra dentro de mim… umas vezes mais outras menos, mas não me lembro de ter estado plenamente em paz comigo”

Está na mãos das Filomenas, das Marias e de cada um de nós ganhar uma nova consciencia. Ganhar respeito e amor às formas e ao corpo, e criar novos codigos que:

Associem o peso ao bem estar fisico e psiquico

Associem o peso a bons habitos alimentares

Associem o peso ao perfil de cada um

Associem o peso a um bom sistema imunitário

A Filomena tem 40, a Emilia tem 60 e a Maria 17… A Filomena terminava dizendo ” O pior é que nos habituamos a viver assim como se fosse normal viver ora numa batalha interna, ora numa guerra fria com o nosso corpo… mas nunca em paz, harmonia e alegria neste triangulo de corpo, alma e mente”

Somos co-criadores do Mundo e estas três mulheres, três gerações vivem num mesmo registo de falta de paz com o que são fisicamente. Obviamente que esta é uma criação que as ultrapassa, trata-se de um fenómeno psicossocial..

A boa noticia é que se o criamos socialmente, podemos alterá-lo socialmente…

Que cada um dê o primeiro passo… e mude os seus pensamentos ao olhar para o outro, ao apreciar o outro, ao avaliar o outro , ao comparar-se com o outro, ao alimentar-se do outro!

Experimente ir até à rua e a cada pessoa que passe, diga internamente: -Eu sou igual a ti!

Na verdade somos todos muito mais iguais do que pensamos , no sentir, nos sofrimentos, dores, , na sede de alegria e acima de tudo na busca de PAZ e de ser FELIZ…

Olhemos para os nossos corpos com amor… Com respeito e aceitação… São o templo que temos para habitar, enquanto por cá andarmos!

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