Cultura: Descartar para Re-Inventar

Técnicos, Artistas, Produtores investem em novas soluções técnicas e operacionais para desenvolver os seu projectos. Empreendendo por tentativa e erro, vão percebendo que algo está a mudar… “Como, para onde caminhamos e o que precisamos mudar ?” são estas as preocupações que muitas pessoas desta área trazem.

” Streaming” não funciona como esperava, revela o Antonio.

Temos de olhar de maneira global. O Publico de espectaculos, é aquele que gosta de se deslocar para um recinto, jantar fora conviver e desfrutar de todo um movimento que lhe alimenta a alma. Habituou-se ao ambiente ao vivo, à proximidade. Não deverá ser igualmente atrativo ficar em casa em frente a um PC, tablet ou telemóvel a assistir a um espectáculo. Provavelmente o streaming é algo que não o atrai pelo menos no imediato ou talvez seja necessário descobrir outra linguagem…

O Carlos é Musico e comenta que as plateias não tem estado a esgotar e o publico está menos efusivo. Alguns produtores confirmam esta realidade. Quer dizer que mesmo com lotações limitadas a 50% da capacidade total, os restantes 50% nem sempre chegam a esgotar. Por exemplo um teatro com capacidade para 2000 pessoas só pode vender 1000 bilhetes. Estamos a assistir, que as vendas não estão as atingir os 500 bilhetes nessas situações. De uma maneira geral apenas 1/4 da Lotação é preenchida, ficado bem aquém dos limites pretendidos e de uma realidade de há 6 meses atrás!

Sobre o Avante ? Pouco importa o que se pensa, parece que a realidade a nível da lotação é parecida e se o fizeram, pelos vistos de forma eximia, no que se refere aos requisitos de segurança, observemos atentamente. Na Alemanha foi realizado um espectáculo com 2000 pessoas para testar a realidade, temos de perceber com que pegadas se está a caminhar, se não se fizer não se vai perceber, precisamos de campos de leitura.


Para além do medo do Covid 19, o que pode explicar isto ?

Tenho refletido e convidado algumas pessoas a observar o seguinte:

Quando estamos preocupados e em estado de alerta, por algo imprevisto nas nossas vidas, não temos grande disponibilidade para nos dispersar em diversões. Todos nós já vivemos pessoalmente, ou através dos nossos amigos, comportamentos de isolamento por tristeza ou preocupação excessiva.

Podemos observar que estamos num momento de uma grande dispersão social; por um lado em certos ramos profissionais, há estabilidade financeira, mas impera o medo da doença e a preocupação com os seus, Em outros ramos há a incerteza , quer na continuidade dos contratos de trabalho, quer na estabilidade financeira e obviamente o medo da doença. A nível global, nacional e internacional, há muita incerteza. Uns de uma maneira, outros de outra, mas todos fomos abanados e obrigados a mudar o foco e a atenção. Mesmo não sabendo muito bem para onde focar, uma coisa é certa; ninguém está no modelo anterior a março de 2020 e somos muitos em MODO de Alerta.

Quando transportamos este quadro para o meio cultural associado á diversão e ao entretenimento, é fácil concluir que, estando o publico Alvo em estado de Alerta, com o Foco e a atenção na sobrevivencia, a procura e a apetência por diversão diminui substancialmente, logo a oferta Cultural existente é facilmente dispensável no imediato. Até porque é uma oferta ainda ajustada às necessidades anteriores.

Talvez agora seja mais fácil perceber porque a musica de Intervenção teve um papel tão importante em tantas sociedades. A musica de intervenção Servia um Propósito Maior; diluía-se com a grande prioridade do momento, que era a expressão da insatisfação e gritos de liberdade.
O cinema servia um propósito Maior…permitindo visualizar um futuro diferente. E tudo que a mente visualiza dá como adquirido.
Os Poetas serviam um Propósito Maior, metaforicamente arrancavam grandes criticas políticas e sociais. Na dança também foi assim, desde os tempos da escravatura época em que a Capoeira servia também um propósito maior: dançar e subtilmente treinar a luta para a liberdade…
A Musica, o Teatro, a Poesia, a dança e os artistas plásticos cativavam o publico porque serviam os seus corações…Falava em seu nome… arranjavam entrelinhas para expressar a alma dos povos, que outros queriam silenciar…

O Grande Desafio de toda a comunidade artística; técnicos, produtores, artistas e criadores é sentir, descobrir e criar o Novo Propósito da Cultura e do Entretenimento
O que vamos todos precisar… e que razões nos farão sair de Casa…escutar musica, assistir a uma peça e até mesmo ler um livro !
Não será certamente por motivos tão vazios como outrora…
Estamos num momento desafiador…
A CULTURA é a primeira a Ser DESCARTADA talvez por ser PRIORITÁRIA A SUA RE-INVENÇÃO
Pensemos nisso com seriedade e com muito AMOR

Foto by Nuno Silva @artepertinace

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