SIGAM EM PAZ- Educar para a Morte

Acho que posso falar de Morte com muito amor…

A primeira grande perda que vivi em consciencia foi aos dez anos o meu primo direito com a minha idade, morre em seis meses de leucemia, atrás dele passados 2 meses morre de desgosto o seu avô (meu tio) e a mae do tio e do meu avô, nossa bisavó passados trinta dias. passados seis meses o meu padrinho, Jaime morre de ataque cardiaco fulminante aos quarenta anos, aos dezasseis anos um dos meus melhores amigos com dezassete, fica no mar da praia grande. A partir dos vinte e cinco a minha mãe entra em coma mais de cinco vezes em cinco anos, morre quando eu tinha trinta anos. Durante uma gravidez gemelar assisti ao fim dos batimentos cardiacos de ambos os bebés. Aos meus quarenta anos o meu pai morre com uma demência galopante, passados cinco anos a minha quarta irmã suicida-se…

Cedo percebi que não há data para morrer. Não existe nem muito nem pouco tempo de vida. Existe a Vida. Não existe jutiça nem injustiça, existe o tempo de cada um…

Ninguem fica calejado para a morte, nunca fui insensivel ás perdas, mas nunca me achei vitima do destino, nem achei que os meus fossem vitimas do destino. Aceitei sempre o seu fim, entendendo-o como o fim da sua missão. Ninguem sabe quando começamos nem quando acabamos, mas cada um tem a sua missão. Alimentar idades para a vida e para a morte, falar da lei natural da vida é um grande contra-senso, quando por todo o mundo vemos crianças a morrer de fome de doenças, de guerras e em catástrofes.

Quando alguem meu morreu cedo, percebi sempre que outros morriam ainda mais cedo, quando a minha mente me trazia a mensagem do ” Porquê a mim ?!” virei sempre o jogo e perguntava-me ” E porque não a ti?! “Preferias ver o teu sofrimento noutros ? Achas que outros são merecedores desta dor e tu não ? ” Confiei sempre que se a dor me estava a ser entregue, era porque eu a poderia suportar e fazer dela algo mais que dor e sofrimento.

A Morte chegou-me de varias formas; por doença fulminante, por acidente, por doença crónica, por suicidio … Aprendi a não contesta-la…

Educar para a morte é educar para vida presente, aproveitar cada momento, aproveitar os nossos, amá-los e deixá-los viver o seu caminho, ter humildade para reconhecer que nao sabemos o principio nem o fim…não podemos evitar o seu caminho mesmo que seja em direcção à morte. Educar para a morte é saber que os pais e os filhos não são nossa propriedade que quando os trouxemos à vida, foi sem comando e que perde-los é uma possibilidade desde que nascem …

Educar para a morte é viver consciente de que perder faz parte do movimento da vida, que é uma possibilidade … Educar para a morte é ensianr a viver em paz com esta realidade… desfrutando de cada dia da companhia, do crescimento e evolução dos nossos…

A Vida e a Morte sao um mesmo movimento… Não posso provar mas SEI que todas as almas que passaram pela minha vida, seguiram para uma outra dimensão… e estão no seu caminho de alma e eu sou feliz porque fiz parte desse caminho, tive a honra de as partilhar e crescer… Cada um que passou por aqui e foi embora aos 10, 17, 40 ,41, 54 ou 60 foi porque a sua missão terminou. Levou daqui o que precisava e deixou o que tinha de deixar.

Mas não sofres ?

Claro que sofro, claro que dói, claro que gostava que ficassem um pouco mais… Claro que o impacto é doloroso, que me esbarrou contra a parede, chorei e tenho saudades, que gostava de partilhar as minhas novidades… que me fazem falta no Natal, nos aniversarios, nas festas de familia. Essa é a parte que permito que transborde de vez em quando. Mas de seguida vem sempre a consciência de que não é injusto, de que era o caminho, de que era essa percurso e que eu não posso fazer nada para o alterar … que passaram comigo os natais que tinham de passar e que agora tem de ser alegria sem eles…e nunca permitir-me pensar, que foi injusto!

Como fazer para mudar ?

Eu aceitei sempre em paz… com intençoes de luz para o seu percurso, simplesmente aceito, em reverência à vida é às leis da vida. Com humildade e muito amor. Aceitar o percurso de cada um, para que as almas que eu amo sigam em PAZ …

Seguir em PAZ é dizer a todas as almas que morrem … SEGUE segue o teu caminho, eu aguento-me, não fiques preso aqui, segue se esse é o teu percurso EU ACEITO… seja qual fim fôr EU ACEITO !

Permitindo-me às vezes chorar e soluçar… e ACEITAR

A todos que partem que Sigam em Paz… E não se inquietem, nós cá nos aguentamos… Sigam em paz e… se puderem ou quando puderem , enviem-nos um sinal … Sem pressa…

Sigam em PAZ

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