Tudo ter mudado de um dia para o outro com a pandemia , fez com que a capacidade de resposta RAPIDA ao inesperado, seja confundida com ASSERTIVIDADE…
Ter capacidade de resposta e adaptação, perante qualquer situação, faz parte do nosso mecanismo de sobrevivência. No entanto a primeira resposta deve ser encarada como a necessária e possível e não definitivamente a acertada para que o caminho siga sem percalços.
Há muito para ler nas entrelinhas e após dar resposta urgente o passo seguinte é duvidar da primeira intuição, pois raramente integra todas as mudanças que uma mudança repentina traz…
Se tivéssemos sido educados a este exercício muitos traumas não transitariam da infância para a adolescência e para o estado adulto, inquietando o futuro de muitos de nós. Muitas das respostas dadas em processos traumáticas serviram apenas o propósito do momento, tendo deixado marcas para a vida. Hà que duvidar da resposta.
A Duvida impõe-se, porque quando algo muda profundamente é como se mudassem as dimensões e é óbvio que não podemos querer encaixar peças de um puzzle de duas dimensões, num puzzle de quinta dimensão …
Toda a mudança é global e por isso é preciso observá-la nos efeitos colaterais tal como a “TEORIA DO CAOS”, qualquer movimento funciona em cadeia e afeta o mundo inteiro…
RAPIDEZ e ASSERTIVIDADE não caminham de mãos dadas em processos reactivos e de decisão. São conceitos diferentes, ser assertivo pode pedir não acção. O prémio pela Rapidez pode conduzir a acções irrefletidas , ao impulso inconsequente, de forma desconcertada levando à desorientação. Estamos numa mudança repentina, e não questionar as respostas RÁPIDAS, às mudanças repentinas, poderá ser um dos maiores bloqueios à oportunidade de mudança que temos em mãos.
Vivemos ansiosos a querer ser rápidos e eficazes na resposta ao novo, através do modelo antigo, que é afinal o único que conhecemos. Este é quanto a mim um erro, quer no campo das decisões quer na educação social… Fazer os INDíVIDUOS acreditar que todas as decisões RAPIDAS são inquestionáveis, passa a mensagem errada de que não precisamos ver o filme até ao fim para saber o desfecho…
E assim permanecemos mais impacientes que nunca… com tempo para tudo mas sem tempo para nada… nem tempo temos para “escutar” uma mensagem de voz (whatsapp) em tempo real ou ver um video até ao fim … permanecemos impacientes e cultivamos a ARROGANCIA e a PREPOTÊNCIA de pouco precisar, para saber sobre QUASE tudo…
Há uns anos uma amiga contestava o facto de eu estudar tanto e de investir tanto em certificações pós graduações académicas e profissionais. Dizia-me que tudo aquilo que eu andava a estudar estava na Internet à distancia de um click…
Se calhar não sou rápida o suficiente, provavelmente não fui brindada com a mesma percepção dos que veem quinze segundos de um video de dois minutos e sem ver, sabem o desfecho, nem tão pouco tenho a sensibilidade para poder aumentar a velocidade de um audio sem perder a entoação, a intenção e a energia das palavras do seu emissor.
Também não fui brindada com a capacidade para transformar a vida de alguém em trinta minutos de sessão, as pessoas comigo precisam de tempo e eu dou-lhes tempo, não arrisco nem invoco, as minhas percepções/impressões…
Sempre que um cliente chega em sofrimento cultivado durante décadas, a querer magia numa sessão, não tenho essa arte… conseguimos encurtar alguns caminhos, mas existem trilhos que precisam mesmo ser feitos… quando aceitam a minha magia, percebem que tudo o que foi cultivado precisa ser arrancado para semear de novo… A natureza é perfeita … “E a simplicidade é o ultimo grau da sofisticação”…
Usemos o tempo a nosso favor… Observemos…observemos…
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Orientação Sistemica 