SOBRE “NÃO GOSTAR DE PESSOAS” (COM MEDO)

Precisamos estar atentos… muito atentos aos sinais!

Muito se fala da agressividade com que as pessoas se dirigem às outras nas redes sociais, fazendo comentários carregados de Julgamento e critica destrutiva.

Não acontece só com figuras publicas mas também entre pessoas comuns. Este comportamento escancarado nas redes é espelho do modelo de relacionamento, dos ultimos anos, refletido em diversos ambientes (profissional, escolar, desportivo) e que fez saltar o bullying e graves problemas relacionais. Com a pandemia parece ter sido ampliado.

Para muitas pessoas o isolamento social veio trazer paz às suas vidas, por não terem que enfrentar diariamente os olhares julgadores, sarcásticos, irónicos e arrogantes daqueles, emocionalmente desiquilibrados, sentem o direito de julgar:

Não é raro escutar em sessões:

“Acho que não gosto de PESSOAS!”

“Percebi que para ser como sou e estar bem comigo, tenho de estar longe de pessoas…”

“É tão bom não ter de me cruzar com os meus colegas…”

“Foi uma paz estar sozinha…”

A Luisa desabafou:

“Acho que não gosto de pessoas… só me apetece sair daqui…não gosto da forma como se criticam uns aos outros …Não consigo perceber como não conseguem olhar para o outro e respeitar a sua posição… sabe que nem sempre maioria está certa…”

Pedi-lhe que me esclarecesse o que queria dizer com essa ultima frase, de que a Maioria não tem de estar certa e percebi que a conciência da Luisa vem da história dos bis-Avós judeus, continuou:

” Na Alemanha Hitler usou-se da crise económica para fazer uma campanha contra o poder económico dos judeus que era muito forte, comos os alemaes estavam com medo da carência de bens, acederam à campanha “comprem só a alemães”, começaram a não comprar nas lojas de judeus e daí até às cameras de gás foi um pulo…”

No sistema da Luisa, há uma clareza deixada pela história familiar:

” As pessoas estão cegas, ninguem sabe de nada, ofendem-se e respondem como se soubessem de tudo… conheci tantos alemães arrependidos e envergonhados por terem cedido à maioria… a maioria não tem de estar certa, a minoria também não, mas deveriamos fazer diferente entre nós … Por exemplo; as Vacinas não dão garantia de que vão correr bem, o esclarecimento está nos sites das farmaceuticas para quem quiser, também sobre os efeitos dos virus não se sabe nada ainda é cedo, é a classe cientifica quem assume… mas no entanto todos opinam… Devemos proteger-nos uns aos outros, tomar medidas de higiene e segurança, ser responsáveis uns com os outros, mas existem invasões que não compreendo… porque se tratam mal ou tentam convencer os outros de uma verdade que ninguem sabe? … Não gosto de Pessoas … Talvez seja medo delas… tenho medo porque sei que cegam …”

Tive de concordar com a Luisa;

“É verdade Luisa, foi também a maioria cega, que crucificou um homem que hoje todos chamam… A humanidade está a ser convidada a refletir e… não está a faze-lo, deveriamos ser mais amorosos!”

A Luisa tem vinte e quatro anos e está triste com as pessoas. É necessario que a zanga se manifeste, mas precisamos de olha-la de um outro angulo e tentar apaziguar o nosso coração. A zanga corrói e adoece, propus á Luisa olhar para o que está a acontecer e a conversa foi longa:

Está tudo numa grande mudança. A maioria das pessoas querem desesperadamente recuperar a segurança, estabilidade e regressar ao antigo normal, e para isso compram qualquer teoria; uns compram a teoria cientifica PRO-COVID, outros compram a teoria cientifica ANTI COVID, uns identificam-se com as teorias clinicas e cientificas pro-vacinas, outros identificam-se com a teorias cientificas anti vacinas. Cada um fica do lado que lhe faz sentido….porque viemos de uma sociedade livre, mas também pouco habituada a refletir.

Se observarmos os dois lados do saber cientifico, percebemos incoêrencias em cada um… percebem-se vaidades e até lutas pessoais. E como já percebemos que corrupção existe em ambos os lados (ANTI e PRO) , não sabemos muito bem quem foi pago para dizer o quê, ou aquele que vem contrariar, porque não foi pago ou reconhecido como queria.

Nem todos tem esta percepçao e nas redes sociais, o cidadão comum ofende o opositor da sua tese, mas na prática ninguem sabe nada … ouvem-se teorias, videos, artigos escritos por este ou aquele… NINGUEM SABE DE NADA… É preciso estar atento porque quer no Anti quer no PRO, há uma inflação de EGO e argumentação manipuladora…Quanto á forma como as pessoas se dirigem ao outro, muitas vezes é a atrevida ignorancia a falar e talvez por precisar acreditar no que dizem.

Quanto à agressividade das criticas impulsivas prontas a disparar que já se sentia antes da pandemia mas agora foram intensificadas:

A pandemia premiu um perigoso gatilho de acção reacçao, pois pegou no pior dos medos das pessoas, que é o medo da MORTE.

Se o Medo no plano fisico piora o sistema imunitário, no plano psiquico retira capacidade de raciocionio e ESTUPIDIFICAMOS

O Medo da MORTE é um medo quase generalizado, não existe educação para a morte, existe medo. Quando se fala de MORTE raramente existe capacidade de reflexão. (Um exemplo disso, quando morre alguem, as palavras falham.)

Talvez a reacção exagerada e agressiva, seja reflexo deste medo. Um método de sobrevivência, ao panico silencioso que se instalou dentro das pessoas e que as leva a agarrarem-se a qualquer posição ( ANTI ou PRO) com unhas e dentes como se a vida delas dependesse disso…

Não é por serem más, mas sim por o medo se unir ao julgamento … Julgamos para validar a nossa posição… que o julgamento associado ao medo é perigoso ? não tenho duvidas.

Muitos clientes me perguntam, o que acho sobre a vacina e a Luisa tambem o fez?

Confio na ciência e na medicina e sou muito grata a ambas. A minha mãe quando me vacinou contra a BCG não sabia o que estava a introduzir no meu corpo, nem questionou, gosto da marca ainda presente no meu braço.

Sei que ninguem sabe o que nos pode provocar , está em testes com alguma margem de segurança… Mas certezas NINGUEM as tem, por isso eu também não as tenho!

Claramente a unica coisa que sei é que mesmo que a vacina fosse perigosa, não gostaria de ficar cá para ver todos os meus a morrer e eu a respirar saude. Não sou ninguem sem as pessoas à minha volta, por isso o TEMA vacina não é um problema …

Já a descriminação aos que não a querem é algo que não gosto de assistir.

Não gosto de ouvir criticar os que não querem a vacina, sei que existem pessoas a sofrer muito com isso, mexe num modelo de vida organico, a sua crença é tão forte que o corpo pode reagir mesmo mal. Por outro lado também não é positivo fazer uma campanha anti, pois isso poderá colocar medo nos que a querem e protenciar efeitos secundarios.

Cada um deve ser livre para o fazer e parece que a maioria está inclinada para a sua toma, não por serem obedientes, mas porque temos uma cultura social de confiança nas vacinas e na ciência. Por isso as teorias de ódio de que uns se usam da imunidade dos outros é apenas uma teoria de ódio. É mais ou menos o mesmo que acontece com os ambientalistas, graças a muitos se privarem de muita coisa outros podem satisfazer os seus desejos que prejudicam em muito o planeta de todos nós. Assim como cada um que portege o planeta fá-lo por si e atinge os outros. A maioria das pessoas que vai tomar a vacina vai por si e para se proteger o outro não está na sua equação.

Garantidamente se vivessemos numa sociedade consciente sobre o todo, não existiriam máscaras espalhadas no chao propagando o virus. E teriamos uma populaçao perfeita, sensibilizada e focada na sustentabilidade e consciência ambiental.

Se nos preocupassemos com o todo , não seria só com o tema COVID, seria inevitavel uma maior consciência ambiental. O que não se vê acontecer.

Não podemos ser simplistas na análise das situações porque o certo é que se não morrermos do covid, das vacinas ou outra pandemia, com a consciencia ambiental que praticamos no planeta, algo pode correr mal. Tomar a vacina é o menor dos problemas. Por outro lado se de alguma forma os efeitos da vacina corresse mal, pelo menos sofreremos todos, os ANTI e PRO por algo que foi criado por nós… e não por uma falha gigante no respeito ao planeta.

Sobre o que podemos fazer para ser melhores pessoas

É preciso despertar, perceber que o mundo em que vivemos até março de 2020 não morreu e não podemos esquecer; que somos livres, que cada um criou as suas estruturas com base em ideais e crenças desde 1974 e respeitar a liberdade do outro é respeitar a nossa. Que nos podemos respeitar e discordar, que podemos fazer algo em prol do todo mesmo contra as nossas crenças, mas que isso tem de ser através de uma escolha e sensibilização e não através da discriminação.

É preciso não esquecer que o mundo nos apresentou opções ao longo das décadas e que a diversidade organica existe:

Que existem carnívoros, omnívoros, vegans, vegetarianos, macrobióticos ,

Que existem sedentários , desportistas e federados,

Que existem os que seguem a medicina clássica e os que seguem as medicinas naturais ou milenares

Que existem o que praticam meditação, yoga, artes marciais

Que a pandemia não apagou o caminho que fizemos nem as crenças onde cada um se alicerçou e que existem medidas que não podem extrapolar a integridade de cada um.

Não somos todos iguais, vivemos numa sociedade onde nos foi permitido ser diferentes e não podemos de um dia para o outro desrespeitar a individualidade de cada um. Não nos podemos esquecer de onde vie

A critica embrutecida e raivosa é patológica e sinaliza desiquilibrio emocional:

“Sabe que por vezes até me dói ler algumas coisas, as pessoas são tão más, espumam raiva, não é nada comigo e fico incomodada… custa-me a querer como se pode ser tão raivoso com pessoas que não nos fizeram mal nenhum, só tem uma posição diferente !…”

O Medo é perigoso… o julgamento ligado ao MEDO DA MORTE é patológico.

É urgente encontrar imunidade de grupo perante o desiquilibrio mental e emocional.

É imperativo que cada um comece a olhar para si e para a forma como se dirige ao outro, a observar os seus medos e trata-los.

A Luisa tem vontade de sair, porque é dificil integrar na sua forma de estar, esta dinamica social. Na realidade estes comportamentos a que se refere são disfuncionais.

A saude mental está ameaçada , estudos indica que uma parte considerável da população portuguesa apresenta “sintomas de depressão” devido à covid-19, dentro em breve a Depressão será a doença com maior incidencia no mundo, uma epidemia silenciosa.

Segundo a OMS (organização mundial de saude)Neste momento uma em cada cem mortes é de suicidio. Em portugal a meio de 2020 portugal era o quinto maior consumidor de anti-dpressivos e ansioliticos da OCDE (Entre 37 países*).

Em poucos anos teremos o SNS a rebentar pelas costuras com doenças do foro psiquiátrico e a produtividade a baixar exponencialmente , pois estaremos incapazes para produzir seja o que for.

Corremos para tomar uma vacina, mas são raros os que cuidam das suas emoçoes e da saude mental antes de chegar a extremos de desiquilibrio. Entre o Covid, os efeitos da vacina e uma doença mental , venha o diabo e escolha!

O respeito individual ao corpo e à mente deveria ser imperativo e é talvez o maior ato de altruismo que poderemos ter para com o próximo, com o Planeta e por fim com o tal todo que ninguem vê. É importante que cada um observe e respeite o seu corpo, prestando atençao ao que come, ao que bebe, à forma como pensa, o que sente e ás palavras que diz e escreve.

Mentes saudáveis, corpos saudáveis, relacionamentos saudáveis ,sistemas saudáveis.

Talvez um dia cheguemos a bom porto…até lá não nos desapaixonemos uns dos outros …

*A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), é uma organização internacional composta por 37 países da América do Norte e do Sul, da Europa e da Ásia-Pacífico. Inclui muitos dos países mais avançados do mundo mas também países emergentes como a Colômbia, o México, o Chile e a Turquia.

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