A minha paixão pela produção cultural começou em 1986…
E acho que aquilo que me apaixonou pela ” PRODUÇÃO” foi o facto de ser um modo de vida que está essencialmente focado na SOLUÇÃO …
Gosto de todo o processo que nos faz sonhar e a partir daí organizar, projectar, criar estratégias, ter ideias, mesmo as más… participar na criação de um trabalho desde a raíz, consultores naturais, através de uma intuição que só se ganha com o tempo: conseguir ler o publico e os parceiros de negócio, sentir as pessoas e encontrar o equilíbrio entre o que existe e o que se pode dar de diferente, quer na negociação quer no conteúdo que se decide abraçar e produzir.
O processo é sempre mais complexo quando decidimos não fugir a valores de base, como aquele em que tudo o que produzo tem de acrescentar valor social e cultural.
A decisão chave, unir-me a pessoas que partilham dos mesmos valores e AMOR ao que fazem… seja musica, humor ,teatro ou outra performance qualquer de caracter cultural ou social.
Produzir com foco em rendimentos nunca foi o meu objectivo e talvez por isso tenha conseguido sempre apaixonar-me pelos projectos , mesmo os que não resultaram. Obviamente o retorno financeiro é importante, para continuar a produzir e viver, mas não é o dinheiro me move em produção.
Existem pessoas que falam de “borboletas na barriga” por um novo namorado ou amante. A minha amante então, será sempre a PRODUçAO cultural e Social.
Através dela tenho felicidade, calafrios, sensação que não vou conseguir, medo de perder, às vezes de desistir a meio do processo a sensação fugaz que não me deveria ter metido nisto! Mas ela é muito maior que eu e não me permite voltar atrás, deixando-me apenas um recado : DIVERTE TE… divirtam-se.
E quando decido que me vou divertir seja como fõr, olho para trás e percebo que já era tarde demais para parar, o único caminho é em frente… As Zangas, raivas e inquietações são apenas mais uma etapa de um processo de produção e é nesta consciência que mora a inteligência emocional … A cada inquietação, observar o que estamos a sentir, fazer um reconhecimento interno aos nossos medos e inquietações.
A consciência de que as emoções podem estar a ganhar mais terreno do que o suposto é fundamental num processo de produção. No entanto só podemos perceber esse movimento se nos permitirmos sentir e manifestar, caso contrario seremos uma bomba relógio durante o processo, sempre prontos a explodir.
Por isso em qualquer processo e com qualquer equipa a liberdade de expressão emocional é fundamental, falar abertamente, falar de coração, manifestar as zangas, com respeito mas sem medo , com verdade, sem deixar nada por dizer, tudo o que cada um sente está certo dentro das suas crenças, contexto e percepção. O envolvimento no processo é intenso e nem sempre nos permite um distanciamento para perceber estas dinâmicas.
O conflito saudável é aquele que é manifestado para ser resolvido dentro de cada um!
E assim avanço sempre com a minha amante “produção” como aliada, sem ressentimentos e a dar tudo por tudo para no fim celebrarmos mais um evento, mais uma etapa …com olho no que podemos fazer a seguir…DIVERTIDAS