Visões da vida e da Morte

A morte é talvez o medo que mais pessoas atormenta, é motivadora de grande sofrimento, ansiedade e alienação…

Há uns dias após conversa com um amigo que “sabe” que vai morrer , trocamos impressões sobre esse grande evento da nossa vida.

A primeira vez que encarei a morte tinha 6 meses embora não me recorde a informação ficou em mim, a perda da mãe da minha mãe. A seguir aos 9 anos em apenas três meses, três familiares próximos entre eles um primo com a minha idade, aos 10 e 11 anos amigos da familia tiveram mortes fulminantes.

Até aos trinta e quatro anos perdi a minha a base familiar.

Para mim a morte física é apenas o fim da missão que uma alma veio viver integrada num determinado corpo no qual ganhou identidade, integrou uma familia, e fez um conjunto de inter-relações. Quando termina o que veio cá fazer, é interrompida a relação, umas vezes de forma menos brusca que noutras, uma vezes em idades mais aceitáveis que noutras.

Não existem dias, idades ou formas certas ou erradas para morrer, entendo que neste caminho encarnatório todos temos de passar por todas as experiências, por exemplo ao nível da idade, temos de experimentar; morrer antes de nascer (aborto), em criança, jovem, adulto e em idoso, devemos também experienciar o tipo de morte; suicídio, assassinato, doença, acidente, velhice etc.

Quanto à nossa dinâmica, todos tivemos de ser maus em outras vidas, para conhecer a bondade, todos experimentamos a falta de honestidade para escolher ser honestos, todos experimentámos a guerra quando escolhemos viver em paz, e se vivemos em consciência foi porque numa outra vida experimentamos a inconsciência…

Bem sei que nos habituamos e apegamos uns aos outros, não aceitamos perder ninguém, no entanto não aceitar o que temos de mais certo é um comportamento contra natura, contra a nossa natureza primordial , sem grande sentido … A morte não é um castigo!

Na conversa com este amigo e porque ele faz questão de dizer o que quer, eu fiz exactamente o mesmo exercício e saiu algo assim;

Quando eu morrer deixem- me estar…

Como qualquer um de nós, morrerei a qualquer momento e nesse momento, já terei feito tudo o que tinha de fazer… caso contrário, não morreria…

Se morresse hoje, ficaria registado que tive uma boa experiência, fui amada pelos meus pais, tive os filhos que quis, amei-os a cada dia como se fosse o ultimo, não deixei segredos nem histórias por contar, vivi o melhor que soube, sem duvida, fui a minha melhor versão…

Se morresse hoje, deixo aqui tudo o que criei: o nome, o corpo, a familia, os homens que amei, os amigos, as casas, os livros que li, os cursos! Fiz como soube, para deixar o mundo melhor do que o encontrei…

Não deixo marcas físicas da minha passagem, nem faço questão… o desejo pela imortalidade física é talvez, a maior fonte do sofrimento humano, e essa é uma lição que talvez tenha trazido de uma outra vida… a imortalidade é da alma…o espirito que “animou” este corpo levará para uma nova dimensão somente a energia e a vibração que criei nesta experiência, foi por saber deste movimento energético, que me responsabilizei desde cedo a observar e cuidar das minhas acções, dos meus pensamentos e das minhas palavras, para evitar contradições, durante décadas enfrentei tentações, resisti a vícios e ao vazio , ao julgamento e maledicência.

E confirmo a todos: SIM foi para “morrer” na melhor vibração, que cuidei do meu corpo e da minha mente, foi para morrer SÃ que canalizei as minhas forças e tentei todos os dias, viver em amor, em paz e compaixão…

Sobre a morte física, não me lembro como foi em outras das minhas encarnações, por isso digo que nunca morri, nem sei como se morre mas…

Para o momento da minha morte, tenho pouco a pedir; gostava que me deitassem sobre o meu lado direito, para o coração ficar virado ao céu e a energia fluir sem percalços e já agora, se não for pedir muito, esperem 3 dias até á minha cremação … Se não conseguirem fazer nem uma coisa nem outra, não lhes pese a consciência, afinal é apenas a vontade de uma morta… no dia que morrer, quero conseguir não olhar para trás, nada mais preciso levar daqui!

Falando de coisas práticas, não gosto daquilo que os “vivos” fazem dos dias de morte…Não é bom para ninguém muito menos para o planeta que nos acolhe…uma urna para queimar não é “melhorzinha” nem pior, uma urna é uma urna somos todos dignos da mesma, não gosto do desperdício em plástico, esferovite e produção massiva de flores, destinadas a enfeitar coroas pirosas que fazem “tresandar” uma sala com uma caixa de madeira ao centro. No fim ficam encostadas a uma parede de um cemitério ou “Amontoadas” num monte de terra a apodrecer. Nunca levei flores para um funeral, por isso não precisam levar para o meu! É enjoativo o cheiro de flores mortas, nunca soube se o cheiro típico dos velórios vem delas ou do morto!

Por mim também podem poupar tempo a velar matéria morta, eu já não estarei aí… a não ser que queiram marcar encontro com pessoas que não veem desde o ultimo funeral e pôr conversa em dia, por mim posso ir directa da arca frigorifica para o forno, com sorte em menos de duas horas ficamos todos despachados e vamos cada um … vocês à vossa VIDA e eu à minha MORTE…

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