não sabemos… MAS duvidamos

O TRANSGERACIONAL… O que é ? E porque é ?

Às vezes é preciso ir mais fundo, porque as respostas não estão à superficie… Tudo sobre igualdade!

Existem dores que passam de pais para filhos, heranças sociais que passam de pais para filhos, crenças de familia que condicionam ou elevam gerações após gerações. De uma forma mais cientifica, estudos na área das ciências sociais, revelam existir maior probabilidade, de filhos de pais licenciados se licenciarem e um grande numero de filhos de pais não licenciados não seguem a vida académica ou desistem mais facilmente. Óbvios também são os números relativos à riqueza e à pobreza, filhos de familias carenciadas tem uma grande probabilidade de continuarem o caminho de escassez da familia, filhos de familias abastadas tem todas as condições para assim continuarem… Serão apenas os comportamentos e as crenças herdadas, que determinam o nosso caminho ? … Eu sei que não!

Existem heranças “invisiveís” que transitam de pais, avós, bisavos, para os descendentes… e não falo de doenças genéticas, até porque hoje, também já se sabe que quase todas as doenças que foram “rotuladas” como genéticas ,são na realidade propensões genéticas que podem ser contrariadas pela epigenética, ou seja pela alterações de hábitos e comportamentos dos filhos, relativamente aos seus pais. Por exemplo diferentes hábitos, de alimentação, exercicio fisico, desenvolvimento pessoal e intelectual e outros, podem mudar a rota da propensão genética.

As outras heranças a que me refiro, são heranças que não se vêem… Embora cientificamente ainda não seja consensual a física quântica, discute a ideia de que todos os objetos têm um campo de energia associado , na biologia e medicina há estudos sobre a energia do corpo humano, como o campo eletromagnético gerado pelo coração (Heartmath institute) , existem estudos concretos que apontam para esses campos mórficos energéticos ocupados por todos os corpos físicos (Biólogo Rupert Shledrake ) . A Neurociência embora não aborde a “energia” no sentido fisico , tem estudado o quanto os pensamentos influenciam a actividade do nosso cérebro. Num estudo, Proceedings of the National Academy of Sciences,(Lutz, A. et al. , 2022) ) O estudo examina as correlações neurais associadas à prática da meditação de compaixão e identifica padrões de atividade cerebral relacionados a estados emocionais específicos. Numa perspectiva empirica, muitos de nós já experimentamos chegar a algum local em perfeitas condições emocionais e o nosso estado ser alterado por o meio envolvente. Não conseguimos manter a alegria com a mesma força, quando chegamos a um lugar depressivo, e nem sempre conseguimos explicar o fénomeno… neste sentido é comum referir que a “energia do local estava pesada e isso afetou a nossa energia, o comportamento e os sentimentos. Esta é uma experiência comum e por isso , ainda que não cientifica, talvez se possa chamar de consensual.

Assim nesta linha podemos pensar que os nossos sentimentos, pensamentos e acções ocupam um campo energético, que tem o poder de influenciar o campo dos que nos rodeiam, assim como nós somos alterados por eles.

Aqui saímos da esfera da energia individual, para o colectivo.

E o primeiro grande colectivo começa no nosso sistema familiar, um forte campo, no qual circula muita informação invisível, que passa de geração para geração. Informação manifestada de diversas formas: expressões, tiques, cheiros, vozes, dons, talentos, frustrações inexplicavéis, raivas etc etc etc. E até comportamentos que são muitas vezes considerados como traços de personalidade comuns: ao pai , ao tio, avós, que muitas vezes, nem chegámos a conhecer… e é aqui que entra a visão de que os comportamentos, escolhas, decisões, acções dos nossos ancestrais deixaram energias num campo energetico, o Campo morfogenético.

Os campos morfogenéticos, segundo o biólogo Rupert Sheldrake são campos invisíveis que influenciam a formação e o desenvolvimento de estruturas biológicas. Esses campos contem informações ou “memórias” que guiam a formação de padrões em sistemas biológicos, como o crescimento de organismos, padrões comportamentais e outras características que não podem ser explicadas apenas pela genética ou pelo ambiente. Embora esta seja uma teoria controversa, quando observamos as nossas experiências e os movimentos energéticos da nosso vida, talvez valha pena abrir a janela para um cientista que embora receba críticas consideráveis da comunidade científica, continua a ser objeto de discussão em alguns círculos e permanece como um exemplo de um paradigma científico alternativo que desafia as visões convencionais da biologia e da evolução.

E é neste sentido que muitas pessoas, procuram ajuda. Após se trabalharem, após trabalho de autoconhecimento e observação, não sabem porque agem desta ou daquela forma, não encontram motivos para certos sentimentos e comportamentos, não existem traumas para determinados medos, sentem que os travões, bloqueios, limitações com que se deparam, não pertencem à sua experiência… Pois … muitas vezes são informações que ficaram no nosso campo, e sem sabermos como nem porquê, adoptamo-las para a nossa vida…

Onde começa esta grande viagem no campo familiar:

Quando ainda estamos na barriga da nossa mãe já temos o nosso campo dentro do campo dela, e na verdade mesmo antes de chegarmos ao útero da nossa mãe para ali nidificarmos, ocupamos um lugar no campo do nosso pai. O espermatezoide, que deu origem à vitória para que a nossa vida vingasse, foi impulsionado do campo energético do nosso pai, que por sua vez já trazia a força de todos os seus antepassados . Na verdade ao ocupar o campo da nossa mãe, recebemos toda a energia do seu sistema, nidificamos com a energia dos dois sistemas.

Quando nascemos esse grande campo de pai e de mãe é tudo o que conhecemos e é o campo magnético onde pertencemos e ao qual estamos ligados como um iman. Desse campo recebemos informação de forma consciente: medos que eles viveram são nos transmitidos como indicações de tudo o que devemos fazer e de todas as coisas que devemos evitar, silêncios revelam que existem assuntos em que é melhor não tocar e as fatalidades, as zangas, as frustrações. Do campo captamos crenças, crenças e mais crenças, ainda muito antes de termos experimentado viver ao nosso tempo e ao nosso ritmo…

No campo onde aterramos, existem informações de dor algumas omitidas, caladas, outras vimos ser choradas sem perceber porquê…E como parte do campo somos leais, queremos fazer parte a qualquer custo, se dói tanto falar, não precisam de dizer, não é preciso … eu sou parte… Eu sofro com vocês… Eu consolo-vos sofrendo com vocês… Eu aninho-me na vossa dor e capto-a para que não passem sozinhos … Afinal é para isso que aqui estou, a criança boa, a criança amiga, pura, que por nada quer sair do CAMPO… Para Bert Hellinger esta é a “Boa Consciência” que nos liga ao campo, o que cumpre… Para a cura é preciso alguém que decida fazer diferente, sem culpa, sem medo de não pertencer, sem receio da exclusão e isso … É MUITO DIFICIL, fomos criados socialmente para pertencer… Ser excluído é o maior dos nossos medos…

Mas continuando… após a gestação:

A criança cresce, como é do conhecimento geral dentro do campo do desenvolvimento cognitivo e comportamental, até aos 8 anos recebemos a informação fundamental para a nossa estrutura de base. Informação que servirá como um roteiro de vida. É até esta idade que toda a base do resto da nossa vida será formada…

Fazemos escolhas, servimos e criamos novas familias ancorados numa informação de base à qual perdemos o rasto.

E é muito comum em adultos começarmos a tentar perceber padrões da nossa vida, que se repetem, sentimentos que não sabemos de onde vem, frustrações e angustias para as quais muitas vezes não encontramos explicação, doenças…

E é quando queremos encontrar respostas a muitas das questões do nosso dia a a dia que surgem ferramentas como as constelações Familiares e organizacionais de Bert Helinger, a Psicogenealogia e Terapia Transgeracional de Anne Anceline Schutzenberger, o sociodrama e o psicodrama de Jacob Levy Moreno. Estes modelos acentam todos no mesmo principio de que existem informações fora do nosso alcance consciente, alguns fruto de acontecimentos e vivências pessoais que nos envolveram no passado, e outros fruto de acontecimentos transgeracionais. Em ambos os casos, fomos inconscientemente moldados por eles, tornando-nos no que somos com o passar do tempo.

Somos “menos livres do que pensamos” (Anne Anceline Schutzenberger) , Antes de fazer diferente precisamos de nos conectar com toda a energia que nos transportou até aqui para nos desconectarmos e ocuparmos o lugar que é para nós.

Eu acredito que um dia esta informação poderá deixar de se focar apenas no individual, dos bloqueios e metas pessoais, para algo maior.

Imaginemos o poder desta ferramenta na educação, em prol de um mundo mais igual, como vemos tantas vezes escrito nos documentos da OCDE e UNESCO, nas Cartas Educativas.

Levar à educação de base a informação de que podemos fazer diferente dos nossos pais, e ainda assim pertencendo… levar aos filhos de familias doentes, disfuncionais, carenciadas, iliteradas uma nova informação, que os ajude transmutar as energias “cravadas” nos seus sistemas, dando-lhes uma nova força e perspectiva para que ocupem um lugar no mundo diferente dos seus pobres ancestrais… Talvez um dia seja possível…

Quando soubermos fazer as perguntas certas, teremos a resposta certa! Até lá continuemos a viver na ignorância “conveniente” para que os sistemas se mantenham desiguais!

Nota final:

As referências a cientistas, investigações, autores e terapeutas, criadores de ferramentas para a exploração da influencia do transgeracional nas nossas vidas , permite que cada um possa ir em busca de informação sobre esta temática e tirar as suas próprias conclusões com conhecimento de causa. Décadas de investigação, não podem ser descartadas pelo simples “acreditar”. Para duvidar é preciso fundamentação e para isso nada melhor que conhecer para poder encontrar a sua contra argumentação.

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